Allana
O tempo estava nublado, havia nuvens escuras no céu e o marido de Allana, dissimulado, estava há horas na rua. A bem da verdade ela já havia se acostumado, eram dias e noites de completa ausência, sem ao menos um telefonema. E ela não fazia muita questão, que ele voltasse para casa, pois sempre que chegava, mal a olhava, e logo pegava o seu celular. O esposo de Allana ficava horas a fio com seus clientes. Era dono de uma grande imobiliária na cidade. Noah era um homem ainda jovem e bem sucedido! Sempre muito preocupado, dormia no sofá do escritório que tinha em casa, fazendo cálculos e revisando contratos como de costume, de madrugada ouvia suas gargalhadas, era ele comemorando sozinho um feito qualquer. Nessas horas Allana chorava implorando por atenção. Mas Noah, era egoísta, como se bastasse era intolerante e machista. Rude, gritava: — Allana, venha logo aqui! — Aos berros chamava a companheira —Sim, Noa... — Vou sair e não sei quando volto! Fala pro Davi aquele jardineiro ordinário tomar conta do jardim direito. — Mas Noah — Suplicava Allana entre soluços e lágrimas — Cale a boca mulher! E vá procurar algo pra fazer. — Vociferava para a jovem esposa a tratando como se fosse um animal. Allana repudiava aquele homem, no qual tinha se casado, mas ao mesmo tempo parecia gostar, estranho! Assim, que Noah partia, ela se via sozinha mais uma vez — Como posso ficar com um homem frio e tão repugnante!? — Falou como se alguém estivesse ao lado dela e continuo! — Asqueroso, nunca quis ao menos ter filhos, pois não queria responsabilidade financeira. Cansada de tudo aquilo, entrou lânguida e sonolenta em seu quarto, olhou bem os porta-retratos de seu casamento, eram dias felizes de recém casados. E Allana os atirou ao chão com força e os quebrou um por um. Ninguém poderia supor ou perceber o que passava pela cabeça dela, o que falta de afeto poderia fazer no coração a na cabeça de uma mulher! De repente, Allana se aproximou e olhou pela janela semiaberta, e lá estava ele o jardineiro, que seu esposo havia contratado a pouco tempo. Recoberto de terra preta dos pés a cabeça, o homem foi se banhar com a mangueira do jardim, estava seminu, com o dorso a mostra. Naquele momento Allana não se conteve e em disparada sai do quarto, desceu as escadas tropeçou e em um ímpeto alcançou o jardim aos fundos da casa foi. — Suma daqui agora... agora! O senhor está nu! — A dona da casa gritava e bem alto. — Perdoa-me, perdoa-me senhora! — Disse o jardineiro envergonhado com os olhos castanhos cravados nos castanhos amendoados de Allana. A dona da casa se retirou enfurecida sem olhar para trás. Se olhasse poderia ver o homem simples e trabalhador, ainda segurando a mangueira que jorrava águas, o jardineiro a olhava dos pés até a cabeça com certa curiosidade. Nos dias se sucederam ao conforto no jardim Allana olhava todos os dias pela janela! Percebeu que estava completamente apaixonada pelo jardineiro. Havia um certo mistério no olhar daquele homem de poucas palavras! Um mistério que ela tentaria desvendar e, desvendaria, nem se fosse a última coisa que faria em vida. Certa noite na ausência do marido, ela foi até a casa do fundo! E sem nada dizer se entregou a Davi o jardineiro, sem remorsos nem culpas. Ele saciou todas suas vontades carnais, que seu esposo jamais havia saciado. Davi tinha seus mistérios, sedução, insana paixão. Descobrirão a sintonia perfeita, o encaixe mais que perfeito, e gozo dos deuses. A devoção e entrega entre ambos os corpos insaciados, a tara e a devassidão, a obsessão. Não foi só um encontro de almas, foi de corpo, suor e a total entrega que os dominava. — Não vou fazer nada que não queira, mas vou lhe provocar até não querer mais... Quanto ao seu esposo frio e calculista de Allana!? Há anos nutria várias amantes....! -Basta, disse Allana
***Basta Fabiane Braga Lima escritor(a) de Rio Claro, S.P
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