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Domenica

Domenica, Conto

Domenica

— Estou farta deste serviço na lavoura, minha mão está calejada, e como se não bastasse, minha pele está manchada e rasgada devido ao sol, __Pensou a menina Domenica, referindo-se ao pai, que praticamente escravizava ela, e seus três irmãos, desde pequenos.

Definitivamente, toda aquela situação precisava ter um fim…

Estela, sua mãe, choramingava o dia todo. Mas precisava tomar uma providência, enfim, dar um basta naquela situação, pois os filhos corriam perigo. Paolo, era um homem machista de descendência italiana… Ao anoitecer, apagava as luzes, logo começava a gritar:

— Estou exausto, apaguem as luzes, agora! Trêmula Domenica obedecia ao pai.

Assim, protegia seus irmãos, enquanto a mãe olhava cabisbaixo, ao haver ano estava doente.

Certo dia, criou coragem e olhando fixo nos olhos do pai, retrucou enquanto mordia os lábios, sempre que se sentia nervosa:

— Amanhã irei me matricular na escola.

— Nunca, mulher não estuda, apenas trabalha, veja sua mãe, trabalha na lavoura, além de cumprir com o serviço doméstico.

Retirou-me, e fingi não escutá-lo.

Enfrentou seu próprio pai. Já que a mãe passava o dia amedrontada. Estela havia sofrido muito, era uma história complexa e triste. Resolveu ir até o vilarejo, precisava arrumar uns cadernos usados, tinha em mente criar uns livros, apenas ilustrados para os irmãos, quanto a se matricular na escola, era uma desculpa, na qual inventou ao pai. Dominica jamais colocaria a vida dos irmãos e da mãe em jogo, aliás, em perigo. Assim que conseguiu uns cadernos usados, foi para casa, pois estava preocupada com a mãe e os irmãos.

Chegando em casa, o pai perguntou:

— Como foi moleca?

— O senhor pode ficar tranquilo, não me matriculei em nenhuma escola

— Se arrume, passou da hora de ir trabalhar — Espere! Leve seus irmãos, estão bem crescidinhos.

— Não me peça isso papai, Luigi tem apenas cinco anos.

— Cale- se!

Domenica agasalhou os irmãos, fazia muito frio, no sul geralmente é frio ao amanhecer, às vezes até há geada, já a tarde é calor. Luigi, o mais novo, tinha apenas cinco anos, reclamava do frio.

Chegando na lavoura, Domenica fez o possível para os esconder do pai, e trabalhou pelos três. De longe avistou uma senhora, parecia escrever, ou marcar algo num pequeno caderno. Como seu sonho era aprender ler e escrever, esperou a hora do almoço para la procura. Era uma funcionária de pai, deveria ter uns cinquenta anos.

— Tenho muita vontade de aprender a escrever, vejo que sempre escreve.

— É a ficha do Senhor Paolo, sim, escrevo. O meu filho me ensinou. Frase original.

— Poderia me ensinar?

— Quem sabe Carlos possa.

— Adoraria

— Passe amanhã em casa, estarei esperando…

— Domenica saiu cantarolamo, feliz…

Chegando em casa, sua mãe estava abatida, e ainda trabalhando, naquele casarão velho. Temendo que a mãe piorasse, colocou-a na cama, e com autoridade disse-a:

— Deite na cama, aquiete-se, vou buscar um médico.

— Não, seu pai me mata, além de matar meus filhos.

— Papai só fala, não teria coragem

— Vejo que não conhece seu pai!

— Mamãe, mamãe? Estela adorme. Domenica ficou horas pensando como se livrar do pai, afinal em pleno século XXL, sem direito de livre arbítrio. Sentada na poltrona, ficaram horas juntas.

Não teve aula com Carlos.

Assim que chegou em casa, notou que sua mãe estava abatida, e ainda trabalhando, naquele casarão velho. Temendo que a mãe piorasse, colocou-a na cama, e com autoridade disse-a:

— Deite-se um pouco, irei procurar um médico.

— Não, seu pai me mata, além de matar meus filhos.

— Papai só fala. Não teria coragem.

— Vejo que não conhece seu pai!

— Mamãe? Estela adormeceu.

Domenica ficou horas pensando em como se livrar do pai, afinal em pleno século XXL, sem direito de livre arbítrio. Sentada na poltrona.

Colocou uma roupa, e saiu a busca de alguma autoridade, na pudesse ajudá-los. Preocupada com o estado de sua mãe, não sabia por onde procurar, foi então que encontrou um policial, e lhe contou a história, praticamente tudo.

Precisava arrumar um médico para mãe…

Mas ela não tinha consciência de que aquele policial era um grande amigo de seu pai.

No entanto, não encontrou um médico para examinar sua mãe, pois, no vilarejo, só havia um médico. Chegando em casa, Carlos, filho da funcionária de seu pai, a esperava.

_ Estava a sua espera, não apareceu, por lá.

_ Desculpe-me? Minha mãe está de cama, e meus irmãos pequenos ainda estão na lavoura.

Carlos não sabia o que estava acontecendo, mas percebeu um certo nervosismo em sua voz. Resolveu ir embora no intuito de descobrir a verdade, mesmo que ela não soubesse. Estava anoitecendo, preocupada com os irmãos, foi buscá-los…

— Olha garota, vejo ser orgulhosa, se arruma, vamos levar sua mãe ao médico.

— Não tem médico no vilarejo.

— Mas quem disse ser no vilarejo, arrume as crianças, vamos procurar médico em outra cidade.

Domenica sabia que Carlos estava certo, então o obedeceu, sua mãe estava piorando. Pela primeira vez na vida alguém a entendeu, tratando com dignidade.

Chegando na cidade, ao lado do vilarejo, um médico avaliou sua mãe, e logo chegou com o diagnóstico.

— Parece que sua mãe não está nada bem.

— O que ela tem Doutor

— Calma, vamos deixá-la aqui no hospital por uns dias.

Domenica olhou para Carlos com os olhos cheios de lágrimas, e o abraçou desesperada. E, ao mesmo tempo, sentiu-se amparada. Agradeceu Carlos, e foi para sua casa, afinal, seus irmãos precisava dela, eram pequenos.

— Espera garota! Largará sua mãe aqui?

— Não sei o que fazer, estou cansada.

— Já sei, acalme-se, deixe sua mãe aqui no hospital, e diga ao sei pai que não a viu.

Domenica, calou-se, pois sabia que aquela era única solução, sua mãe poderia falecer.

Confiou em Carlos, e foi embora cuidar dos irmãos.

Seguiu seu destino, mas algo dizia que sua mãe não iria voltar. Chegando em casa, mal olhou para o seu pai, sentia nojo, foi correndo procurar os irmãos. Assim que os encontrou, abraçou os fortemente, bem mais aliviada. Enfim, deitaram os quatro irmãos, ela estava exausta e com má intuição em relação à mãe, pois Estela estava doente, e mal conseguia comer. No dia seguinte, trabalhou, junto aos irmãos.

— Domenica, trago notícias de sua mãe. Era Carlos.

— Não precisa me dizer, pois já estou sabendo.

— Como, quem lhe disse?

— Sabia que quando deixasse mamãe, naquele hospital…

— Sabia o quê?

— Mamãe sofreu muito, teve uma vida cheia de feridas, psicológicas e emocionais.

Enfim, apanhou de um homem covarde e machista. Foi melhor assim. Mas o que ninguém sabia é que Domenica tinha provas de tudo que a mãe passou.

Estela havia filmado tudo, estava embaçado, porém, era nítido tudo havia ocorrido. Chutes, murros, estupros coletivos, tudo armado pelo próprio marido, e coisas, ainda piores.

— E sabe onde estava às provas? Nos cadernos, nos quais ilustrava para os irmãos.

Tudo isso acontece dia a dia. Infelizmente foi preciso Estela falecer, para o caso revisitar. Seu pai pegou prisão perpétua para felicidade de todos.

O casarão e lavoura, ficaram para Domenica e os irmãos, assim poderiam ter uma vida digna, apesar das feridas emocionais. Carlos, apaixonado por Domenica, pediu-a em noivada. Mas ela recusou, a privacidade dela era os irmãos, A irmã de sua mãe veio morar com eles, até ela completar dezoito anos.

— Domenica, case-se comigo? Perguntou Carlos.

— Agradeço por tudo que nos fez, mas não insista. Boa noite, Carlos.

Domenica, além de ativa, era uma garota inteligente, jamais colocaria um homem para morar com e seus irmãos pequeninos.

Seus irmãos, sempre serão sua prioridade. E tinha como exemplo tudo o que a mãe passou.


Fabiane Braga Lima/ Rio Claro, S.P

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