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Bernardo.

Bernardo

— Abigail está bem, quanto ao bebê…

— O que aconteceu, doutor? — Bernardo perguntou aflito

— Infelizmente, ele não sobreviveu senhor.

Bernardo se levantou e correu até o quarto, onde a esposa estava internada, olhou bem para ela e notou que tinha apenas uns arranhões. Apesar da tristeza, abraçou Abigail e só assim pode suspirar.

Bernardo ficou sentado horas ao lado de Abigail, mas ele teve que sair, ele estava extremamente triste, pela perda do bebê. E, novamente, andava corredor afora do hospital.

De repente, encontrou uma pequena capela e resolveu entrar. Sentou-se, começou a rezar, bom, tentou rezar, pois Bernardo não frequentava igreja, mal tinha religião. Lágrimas escorriam em seu rosto, realmente estava sofrendo.

— Por que chora tanto? — Perguntou-lhe uma mulher com vestes pretas, que parecia estar de luto.

— Quem é você? Não notou que quero ficar sozinho? — Bernardo, um geralmente homem calmo, gritou como uma mulher desconhecida!

Ele saiu da capela correndo. Algo mexeu com ele, ao ver aquela mulher.

Mas mal sabia ele que ela também estava de luto, o marido acabará de falecer. Com um pressentimento estranho, ele voltou para procurar a mulher de vestes pretas.

— Não, não lhe conheço, agora me dê licença preciso ir…

— Sei, Abigail sofreu um acidente, sinto muito pelo bebê de vocês. — Disse a senhora secamente e saiu sem falar mais nada a Bernardo, deixando-o curioso, ele tinha certeza de que a conhecia de algum lugar.

Enfim, Abigail logo depois teve alta e com um sorriso largo, ela voltou para casa. Chegando em casa, ela teve uma crise de pânico, ao entrar no quarto do bebê. Fazendo que Bernardo tirasse toda a decoração do quarto do bebê. Abigail tomou um longo banho e foi se deitar.

No outro dia, Abigail teve outra crise.

— A culpa é toda sua, porque não me segurou em casa! — Disse Abigail olhando fixamente para o esposo Bernardo.

— Acalme-se mulher, não te vi, saindo de carro. Preciso ficar sozinho agora. — Disse Bernardo e partiu para a garagem, entrou no veículo, deu partida e saiu.

As ruas estavam escuras naquela hora. E de repente, avistou uma luz vermelha numa esquina qualquer, estacionou o carro, olhou para o bar e resolveu pôr fim entrar, estava querendo beber algo. Sentou-se e, novamente, se deparou com a mulher de vestes pretas, a mesma do hospital.

— Ei, o queres? Qual o seu nome? — Disse Bernardo para a mulher vestes pretas a poucos metros dele.

Assustada, a mulher reconheceu Bernardo, ela iria falar algo, mais se calou e se sentou à mesa de Bernardo. Bernardo estava bebendo uma dose de whisky, antes de aparecer, a misteriosa mulher de negro. Ela largou uma papel na mesa, e ela foi embora, era um convite ricamente decorado. Bernardo olhou bem para a fotografia, e reconheceu que o homem era seu cunhado, irmão de Abigail, estampada no convite, era um convite para uma missa de sétimo dia.

Trêmulo, Bernardo saiu do bar, entrou no carro, ligou o veículo e foi para casa. Soa na cabeça de Bernardo, uma conversa estranha que teve com Abigail, assim que começaram a namorar. Bernardo perguntou, quem era o homem da fotografia, que ela carregava na bolsa, pois Bernardo notara a tal fotografia, algumas vezes, quando ela mexia na bolsa. Cópias da fotografia ficaram nas várias bolsas de Abigail. Ela respondeu pesarosa, que era o falecido irmão, que morreu há alguns anos, ela recomendou não falar do irmão para os membros da família dela. Abigail falou que era um trauma muito grande no meio familiar. E assim Bernardo procederá, mesmo achando estranha a história que a então namorada tinha lhe contado.

Ao chegar em casa, poucos minutos depois, teve uma conversa com a esposa.

— Olha Abigail, é Lucas seu irmão? — Inquiriu Bernardo ao mostrar o convite para a esposa convalescida que estava deitada na cama.

— Não, não pode ser, quem lhe deu isso? — Atônita, respondeu Abigail.

— Uma mulher vestida de negro, que conheci no hospital. — Respondeu Bernardo não disfarçando a indignação.

— Deixe-me ver Bernardo! — Falou com autoridade a mãe de Abigail, que acabara de entrar no quarto furtivamente — Sinto muito! Eu não tenho filho homem, então quem é esse rapaz?

Bernardo logo ligou os pontos, em puro desespero entrou na garagem, entrou no carro e deu partida, percorreu as ruas aforas, e perto do bar que estava a pouco lá estava a misteriosa mulher. Bernardo saiu do carro e na pressa nem fechou a porta do veículo.

— Espere, quem é este homem da foto? Sua louca! — Bernardo esbravejava sacudindo o convite na cara da mulher!

— Acalme-se, sua esposa era amante do meu esposo Lucas, há dez anos, ou mais pelo que sei! — Respondeu à mulher bem tranquila.

Um abismo escuro se formou embaixo dos pés de Bernardo, ele se viu caindo e caindo, sendo tragado pela escuridão sem fim. Naquela noite Bernardo decidiu não voltar para casa e não voltou nunca mais.

Então, Bernardo resolveu ir à missa de sétimo dia do esposo da mulher de vestes pretas. E lá estava Abigail, chorando em cima do caixão de Lucas. A esposa de Lucas logo percebeu, a presença de Bernardo não muito longe da cerimônia fúnebre na capela do cemitério. E foi se encontrar com Bernardo, para ter uma conversa definitiva come ele.

— Recomece, recomece! — Dizia calmamente, a mulher misteriosa

consolando Bernardo. — Não chore por aquilo que nunca foi seu! Recomece! Adeus Bernardo, e cuide-se. Preciso ir.

Daquele dia em diante, Bernardo se tornou um novo homem. Um homem com cicatriz na alma e no coração. Mas um homem de honra…!

Texto de Fabiane Braga Lima, contista e poetisa em Rio claro, São Paulo.


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