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A professora.

A professora, crônica

Da minha residência, observo-a...

Costumava observar a moça por breves instantes todos os dias. Ela era uma pintura viva, uma jovem bonita, mas sempre triste. Logo de manhã, bem cedo, saia apressada, com sua mochila nas costas, para enfrentar as lutas diárias. Colocava o lixo no portão e respirava ofegante e seguia.

E eu sempre apreciava essa cena tão comum para muitos, mas ela me chamava a atenção...

No final da tarde estava ela de volta ao lar, parecia chegar triste e muito abatida. E(A professora)

Novo dia, lá estava ela, de novo segundo a mesma rotina, mochila nas costas, olhar triste, partindo para o ponto de ônibus próximo. No começo de um dia, percebi que a rotina fora quebrada, ela demorava para ir ao trabalho.

Havia acostumado vê-la partir e chegar diariamente, apesar de não a conhecer pessoalmente. Como moro ao lado, fui ver o que ocorrera.

— Olá, tem alguém em casa? — Resolvi chamá-la assim, eu não sabia sequer o nome da mulher, tive um mau pressentimento.

De repente, ela aparece na porta. Estava machucada, havia hematomas em seu rosto. — Estou aqui, ando gripada vizinho. — Constrangida, me respondeu ainda em casa. Mas era mentira dela, pois não estava com gripe. Ela, uma dedicada professora de história em início de carreira, que trabalhava em três escolas todos os dias, mas estava sofrendo várias agressões. Eu, um estranho, um desconhecido qualquer, me convidou para entrar em sua casa.

Era uma casa simples e modestamente decorada, mas tinha as melhores de todas as decorações possíveis, livros variados e mais livros de todos os gêneros e por toda a parte e cômodos da casa.

A dona da casa, me conduziu para a sala de estar, ela acabara passado um café no coador de pano. Sentamo-nos à mesa, ela me serviu uma xícara de café preto e, sem sequer perguntar o meu nome, contou das agruras que estava passando naquele exato momento da vida.

Confidenciou-me que era de origem humilde e conseguiu se formar em história as duras penas.

E uma vez formada fez concurso público foi dar aulas na rede pública de ensino e depois na rede privada de ensino também. Depois contou dos assédios morais e agressões sofridas dentro e fora da sala de aulas, por alunos, alunas e colegas de profissão. Ameaças de morte e até uma agressão física, nas duas redes de ensino. Eu, sem nada dizer sobre isso, ouvi de tudo isso com profundo

pesar no coração e na alma, depois disto forjamos uma bela e profunda amizade...

Filho de professora primária, além de vê-la partir e chegar do trabalho, agora no começo da noite, eu vejo aquela mulher forte, sentada na varanda da casa, preparando as aulas, corrigindo trabalhos, tão dedicada, simultaneamente, desvalorizada da vida…!

Fabiane Braga Lima/ Rio Claro, S.P


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