Sentada à beira da praia, comecei a escrever. Com a praia deserta e ninguém por perto, a falta de inspiração me fez considerar escrever um conto. Foi quando me recordei do antigo casarão onde vivíamos. Dona Lurdes era a nossa empregada, como diziam meus pais. Era estranho, pois meu pai afirmava que ela era parte da família, mas ao cair da noite, ela retornava para sua casa de sapê com piso de terra, onde seus filhos a aguardavam. Eles recebiam a sacola de comida que meus pais preparavam. Na verdade, não era uma casa de concreto. Frequentemente, durante a madrugada, o vento soprava forte, eu observava pela janela, e a casa parecia estar se desfazendo. Eles dormiam expostos ao tempo. Antes do amanhecer, Dona Lurdes reparava sua moradia, despedida-se dos filhos e seguia para o trabalho. Meus pais, com um sorriso irônico, perguntavam-lhe: “Como foi sua noite?” “Bem, obrigada pela comida, estava deliciosa”, ela respondia. Era estranho, meus pais nunca foram de oferecer alimentos, sempre foram materialistas.
Foi então que descobri algo repulsivo...
Continua…
Fabiane Braga Lima/Rio Claro, S,P,
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