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Segredos de família.

Publicado por Fabiane Braga Lima.

Segredos de família.

São Paulo, 13 de maio de 1981.

Robert não parece o mesmo homem, que conheci. Sujo, alcoolizado, e como se não bastasse chega em casa, não diz uma palavra, e logo se deitar. Pode ser apenas um pesadelo, sempre foi tão vaidoso, ou apenas uma fase, sei lá, o quanto está estressado no serviço. Robert é meu esposo, somos casados, há vinte anos, moramos num bairro nobre em São Paulo.

Infelizmente, meu maior desafio tem sido com Richard, meu único filho. Sempre fiz suas vontades, mas hoje em dia, não é apenas um garoto mimado, e sim, rebelde.

Os dias tem sido assim, difíceis…

Narrando. — Richard, vai sair, gostaria de saber aonde vai, poderia me dizer? — Sair com amigos, até. Basta, quero ver de perto, as tais amizades. Esperei, e logo sai para espioná-lo. Não foi nada agradável, era uma festa, num lugar horrível, com drogas, e muita bebida. Nada de Richard, precisava encontrá-lo. Mas, minha intuição já me dizia: — Richard, está se drogando, e até mesmo se prostituindo. Como mãe nunca imaginei que acontecesse em nossa família. Não queria ver meu filho, então voltei para casa e fiquei imaginando o que poderia acontecer. — Ei, mamãe, acorde, está dormindo inteira torta no sofá. — Richard, sei de tudo?

— Sabe, o quê?

— O que é isso? Richard tem consciência de que está usando substâncias psicoativas em bailes noturnos. — Parece-me que a mulher permanece a mesma, cheia de preconceitos. Não é à toa que o papai parece estar constantemente embriagado, Richard deve estar drogado, como ousa falar assim, com sua mãe…

Assim, que anoiteceu, Richard, se arrumou e logo saiu. Escondido, fui espioná-lo. Entrou num salão, bom, dessa vez, não era na periferia, e sim num bairro nobre. Fiquei aliviada, pessoas bem arrumadas, bebendo socialmente. Retornei para casa, luzindo, o suplício que carregava, se desfez. Enfim, me renovei, meu filho voltou a ser o meu rei. Longe de bailes funks, periféricos.

— Mamãe, comprei alguns livros, sobre a história do Brasil, Leia. — Livros? — Sim, sobre racismo e preconceito, apenas, leia, ou…

— Não entendi! — Entendeu, ao ser uma mulher racista e preconceituosa, e sabe porque papai lhe despreza? — Richard, cale-se. — Ficará sozinha, aqui em sua bela mansão.

— Me respeite, sou sua mãe.

Largaram-me sozinha, neste casarão…

— Luna, leia e reflita, quanto a Richard, deixe-o em paz!

— Robert… — Adeus, querida.

Fabiane Braga Lima/ Rio Claro, S.P.



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