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Flor do mato



A flor do mato.


Parece que Isaac chegou, escutei barulho. Isaac é nosso fiel jardineiro, há anos. Bom, então tomarei meu café matinal, e logo, irei até, saber como está meu jardim. Sempre a mesma rotina, desde que Tomás, meu esposo, ficou doente, acamado há anos. Está com diabete, e obesidade mórbida, não consegue se levantar, mas, tem um enfermeiro que o ajuda, dia a dia. Nada melhor do que sentir o cheiro das flores, nas quais cultivo, se não fosse Isaac, não nego, já estariam mortas. — Dona Valentina, as flores estão admiráveis, trouxe mudas de flores exóticas. Agora é esperar, para vê-las crescê-las. — Fico contente Isaac, o jardim ficará belo.

Espera! Tem uma flor, se é que posso chamar de flor, fraca, sem cor, deve ter nascido do mato. Pequena, mas sempre viva. Flor do mato! Minha rotina é essa, com meu esposo, do jardim, para nosso quarto. Já meus dois filhos, há anos não os vejo, como é doloroso para uma mãe. Mas, peço a Deus que os guardem, sempre. Ao anoitecer, me ajeitava na poltrona, cuidando de Isaac, o enfermeiro saia às seis da tarde. Dormia com um olho aberto, e o outro fechado, sempre sofrendo com seu suplício.

É uma longa história, Tomás trabalhou nos Estados Unidos, alugou um apartamento, porém trabalhava como corretor. Era um bom emprego, com um ótimo salário. Infelizmente, morando sozinho, almoçava e jantava, no shopping. Seu estomago, já não era mais o mesmo. Hoje seu peso e de trezentos quilos, saiu do Brasil, com noventa e quatro. Nunca quis que ele fosse trabalhar fora, mas ele insistiu, dizendo que teríamos uma vida boa, colocando os filhos na Universidade. Hoje, sofre com diversas doenças, acamado, a comida parece ser seu antidepressivo. Dia e noite…

Fiz do jardim minha distração, lá posso sonhar. Esqueço da vida distópica e doentia, assim passo meus dias. Sei que a situação de Tomás, não tem cura, mas faço tudo para o alegrar, impossível…

Estava me esquecendo, de dizer ao jardineiro. Quero que cuide da plantinha do mato. Desconheço o motivo, talvez intuição.


Continua…


Fabiane Braga Lima/ Rio Claro, S.P


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