Sete dias!
O tempo estava nublado, mas precisava ir ao médico. Praticamente São Paulo sempre está nublado, e garoando. Não consegui arrumar um táxi. Então, pedi a vizinha que me levasse até a clínica. Doutor Lucas, como de costume, sempre atrasado. Sentei-me e esperei. Cheguei três horas atrasado. — Eva.
_ Felizmente, me chamou.
— Hoje, não é uma consulta de rotina, apenas lhe entregarei o diagnóstico, o último. — Posso abrir, aqui? — Fique à vontade. Estava com câncer no intestino, realizei várias, quimioterapias. Sentia-me confiante. Nervosa e tremula, abri. — Nem uma melhora? — Infelizmente, não Eva, o câncer se apostrofou, sinto muito. — Existe outro procedimento?
— A senhora tem sete dias no máximo, aproveite a vida, faça tudo que sempre teve vontade.
Peguei meu seguro de vida, resolvi aproveitar os setes dias. Fui arrumar a mala, Ezequiel estava me esperando.
— Como foi, anda diz? — Por favor, mantenha a calma. Tenho sete dias. O câncer se espalhou Ezequiel, desesperado, desmaiou. Agora, mais um problema. Preciso chamar um táxi, quero viajar, durante sete dias. Deixei Ezequiel desmaiado, e aproveitei o resto de meus dias. Resolvi ir a búzios.
Que lugar lindo, o hotel era cinco estrelas. Nunca imaginei conhecer tanto luxo, sempre fui uma simples secretária.
Comprei um biquíni, e me esbandeira na praia. — Sabe, nunca me senti tão feliz. Joguei a toalha e me deitei perto dos rapazes, desapareceram. Logo notei, um deles dizendo: - Aquela estranha, estou enojado, vamos embora. Como não percebi, quer era questão de classe social. Havia três dias para aproveitar, deixei Ezequiel, estava desempregada, nosso amor era recíproco. Arrumei a mala, e fui para casa.
Chegando lá...
Abraçou-me, chorando como uma criança. — Meu amor, o médico a precisa dizer algo importante. Fomos nós até clínica. Entramos no consultório, então o Doutor disse-me:
— Tenho uma boa notícia: — O diagnóstico não era seu, foi um erro da recepcionista, está curada, espero que possa perdoá-la. Perdoá-la, eu quero matá-la, me fez gastar todo o dinheiro do seguro.
Estava preste a comprar um apartamento. Agora tenho que inventar uma desculpa para-Ezequiel.
— O tratamento foi caro, tive que gastar o seguro. — Esqueça isso, arrumei um emprego, o salário parece ser bom!
— Fico feliz! Mas com uma condição, daqui a sete dias arrumará outro emprego, sei de tudo querida.
— Ezequiel... — Sempre estive ao seu lado, lembra-se?
— Desculpa-me? Ele olhou fundo em meus olhos, indagando como um monstro, e gritou:
— Sete dias.
Ele sempre soube de tudo…
Mentira, tem consequência. Devemos valorizar tudo o que for recíproco.
Fabiane Braga Lima/ Rio Claro, S.P, escritora.
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